A Ferrari, lendária fabricante italiana de supercarros, está prestes a dar um dos passos mais ousados de sua história: lançar seu primeiro carro 100% elétrico. O modelo, conhecido provisoriamente como Ferrari Elettrica, promete unir desempenho extremo, design revolucionário e uma experiência sonora inédita. A previsão é que o veículo chegue ao mercado em 2026, marcando a entrada definitiva da marca de Maranello na era elétrica.
Potência e desempenho de supercarro
Como não poderia ser diferente, a Ferrari quer provar que um carro elétrico também pode entregar emoção. O Elettrica contará com quatro motores elétricos, um em cada roda, proporcionando tração integral e controle individualizado de torque. No modo de alto desempenho, a potência combinada deve ultrapassar 1.000 cavalos.
A aceleração de 0 a 100 km/h deve acontecer em apenas 2,5 segundos, com velocidade máxima estimada em 310 km/h. O conjunto é alimentado por uma bateria de 122 kWh, desenvolvida pela própria Ferrari, e a marca promete carregamento rápido de até 350 kW, graças à arquitetura de 800 volts. A autonomia deve chegar a 530 km no ciclo WLTP, garantindo alcance digno de um gran turismo.
Esses números colocam o Elettrica entre os elétricos mais potentes do mundo, competindo diretamente com modelos como o Porsche Taycan Turbo GT e o Tesla Model S Plaid. Mas, para a Ferrari, o foco vai além da potência: o objetivo é manter o prazer ao dirigir como elemento central da experiência.
Design com assinatura de Jony Ive
Para o design de seu primeiro carro elétrico, a Ferrari convidou um nome lendário: Jony Ive, o ex-chefe de design da Apple e fundador do estúdio LoveFrom. Ele trabalhou ao lado do designer Marc Newson para criar o visual do Elettrica, que promete unir a elegância do design minimalista com a agressividade típica dos esportivos italianos.
Embora o modelo final ainda não tenha sido totalmente revelado, os executivos da Ferrari adiantaram que o carro terá quatro portas e quatro assentos, algo inédito para um veículo da marca. A silhueta deve seguir a filosofia “cab-forward”, com a cabine mais avançada, ampliando o espaço interno e reforçando a aerodinâmica.
A expectativa é que o design completo seja apresentado ao público no início de 2026, enquanto a versão conceitual e parte do chassi já foram exibidas a jornalistas e investidores.
Som elétrico, mas com alma Ferrari
Um dos maiores desafios para as marcas esportivas que migram para os elétricos é a ausência do som visceral dos motores a combustão. No caso da Ferrari, o “ronco” sempre foi parte da identidade da marca — e eles não pretendem abrir mão disso.
Para resolver o problema, os engenheiros de Maranello desenvolveram um sistema que capta as vibrações reais dos motores elétricos por meio de sensores e as amplifica de forma natural, semelhante ao funcionamento de uma guitarra elétrica. Assim, o som emitido não é artificial, mas sim uma interpretação orgânica do que o carro está realmente fazendo.
Durante a condução, o som muda conforme o torque e a aceleração, oferecendo ao motorista um feedback emocional e técnico. Em baixa velocidade, o carro permanece silencioso; mas quando se acelera forte, o Elettrica promete rugir — à sua própria maneira.
Chassi, controle e inovações
A Ferrari Elettrica também trará uma série de avanços estruturais e de dirigibilidade. O chassi será construído com 75% de alumínio reciclado, garantindo leveza e rigidez. A distribuição de peso será de 47% na dianteira e 53% na traseira, ideal para estabilidade e equilíbrio em curvas.
O modelo contará ainda com suspensão ativa de terceira geração, que ajusta automaticamente cada roda em tempo real. Isso elimina a necessidade de barras estabilizadoras tradicionais e permite que o carro mantenha aderência perfeita mesmo em curvas de alta velocidade.
Outra novidade é a direção nas quatro rodas: as traseiras giram em sentido oposto às dianteiras em baixas velocidades (para facilitar manobras) e na mesma direção em altas velocidades (para maior estabilidade). Além disso, o volante contará com dois “manettinos” — seletores clássicos da Ferrari. Um controla os modos de direção (como Wet, Sport e ESC Off), e outro, chamado eManettino, ajusta o comportamento energético e o nível de regeneração dos motores.
Estratégia e desafios da Ferrari no mercado elétrico
Mesmo com o lançamento da Elettrica, a Ferrari deixou claro que não pretende abandonar seus motores a combustão tão cedo. O plano estratégico da marca prevê que, até 2030, apenas 20% de sua linha será totalmente elétrica, enquanto 40% será híbrida e outros 40% continuarão usando combustíveis fósseis.
A marca também admitiu que o mercado de carros elétricos de luxo ainda é incerto. O segundo modelo elétrico da Ferrari, que estava previsto para 2027, foi adiado para 2028, devido à demanda ainda tímida por EVs de alto desempenho. Ainda assim, a Ferrari acredita que é essencial se posicionar desde já no segmento para manter relevância tecnológica e ambiental.
O preço do Elettrica deve ultrapassar os 500 mil euros, reforçando que o foco está na exclusividade e não no volume de vendas. Para a Ferrari, esse carro é mais um símbolo de inovação do que um produto de massa.
Um novo capítulo para Maranello
O lançamento da Ferrari Elettrica representa uma virada de página na história da marca. Ela simboliza o equilíbrio entre tradição e inovação — entre o passado glorioso dos V8 e V12 e o futuro elétrico e sustentável da indústria automotiva.
Com desempenho brutal, design refinado e som autêntico, o Elettrica tenta provar que um carro elétrico pode, sim, ter alma. Se a Ferrari conseguir manter a emoção e a conexão entre piloto e máquina, o Elettrica poderá redefinir o conceito de supercarro elétrico e abrir caminho para uma nova era de velocidade e elegância.
A Ferrari entra na era elétrica sem perder sua essência. E, se depender do Elettrica, o rugido pode mudar — mas a paixão continuará a mesma.
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